sexta-feira, 4 de maio de 2012

O CONTADOR DE HISTÓRIAS

A primeira edição do Festival Literário Internacional dos Campos Gerais (FLICAMPOS) reservou um espaço especial para que aqueles que gostam de se envolver no universo da leitura – ou queiram ter um primeiro contato com ele – possam fazer isso de maneira diferente: o Canto dos Contos. Nesse pequeno pedaço no meio do Festival, crianças, jovens e adultos – qualquer um que se interessar – podem escutar e participar de uma contação de histórias. E o melhor: há apresentações em todos os dias do evento, em horários diversificados. É o lugar certo para se deixar envolver pelo clima literário que invadiu a cidade nessa semana.


Quem gosta de história? Todas as mãos se levantam rapidamente no espaço repleto de crianças. E quem quer ouvir uma? As mãos voltam para o ar ainda mais depressa, seguidas pelo grito animado da criançada. Pois aqui vai uma história.

Phellip William de Paula Gruber, estudante do curso de Letras/Inglês da Universidade Estadual de Ponta Grossa e bolsista do subprojeto do PIBID Pibidenglishers - A life project to life, trabalhava em uma livraria quando começou a brincar de contar histórias. Interessado por leitura e por ouvir as “histórias do sítio” que seu avô contava, foi com a amizade de pessoas que compartilhavam esse mesmo gosto que sua vontade em conhecer literatura e a arte em geral foi amadurecendo. O fato de estar sempre próximo de crianças em sua casa o ajudou a desenvolver o talento que hoje tem alegrado os meninos e meninas que passam pelo Canto do Conto dessa primeira edição do FLICAMPOS.

Com 20 anos de idade e passado cerca de um ano e meio desde sua primeira apresentação, Phellip mostra facilidade em cativar seu público. Enquanto toca instrumentos musicais e encena diferentes histórias, pergunta, de repente, que som faz um cachorro, ao que dezenas de crianças começam a imitar entusiasmadas o animal pedido. A vontade de participar da apresentação é contagiante.

Para Phellip, contar histórias é uma chance de fazer as crianças conhecerem e gostarem de literatura. “Elas vão ler de outra forma. Vão aprender a história com a encenação, com a forma como a gente usa o espaço, o que não deixa de ser uma leitura”, afirma. Phellip acredita ainda que é ouvindo histórias que as crianças podem se tornar leitoras. “Elas podem se interessar pela história, e de repente podem ver um livro que tem a história de que gostaram, e então não vai ter ninguém contando. Elas vão buscar pelo livro”.

Sobre o interesse das crianças pela atividade, Phellip comenta que talvez seja o fato de alguém que elas não conheçam dar forma a algo que não vejam todos os dias que desperte tanta atenção. E não apenas nas crianças. Phellip conta que, ao verem seus filhos tão envolvidos naquele mundo de faz-de-conta, alguns pais se emocionam ao participar daquele momento com as crianças, e acabam criando um carinho pelo contador de histórias – e pela atividade em si.

Como não podia deixar de ser, trabalhar com contação de histórias traz alguns momentos marcantes. Phellip conta sobre o dia em que, após ver uma encenação de história numa livraria, um garoto ligou para sua mãe e pediu que ela lhe trouxesse o seu cofrinho para que pudesse comprar um livro. Ser responsável pela iniciação de uma criança no mundo da leitura é, de fato, uma experiência incrível. Mas ainda há outro lado talvez mais incrível nessa atividade. Para Phellip, ter um espaço para contar histórias na FLICAMPOS é importante na medida em que permite que crianças com pouco acesso a livros e a contação de histórias também participem de um momento como esse.

Vendo como as crianças se divertem e se empolgam com a apresentação, fica difícil não querer participar também. Para quem tem interesse em se tornar um contador de histórias, Phellip dá a dica: “Você tem que conhecer a literatura infanto-juvenil, tem que conhecer os livros”. Para ele, apesar de cada um desenvolver sua própria técnica e seu próprio estilo de apresentação, a narrativa é o que faz tudo funcionar. É através da leitura dos livros que o contador passa a entender por que a história pode se tornar fascinante – pois o livro também traz essa fascinação. “Você tem que ler literatura infanto-juvenil”, afirma. “Comece lendo os livros e o resto você desenvolve”.



Postado por Jefferson Araújo