A primeira edição do Festival Literário Internacional dos Campos Gerais (FLICAMPOS) reservou um espaço especial para que aqueles que gostam de se envolver no universo da leitura – ou queiram ter um primeiro contato com ele – possam fazer isso de maneira diferente: o Canto dos Contos. Nesse pequeno pedaço no meio do Festival, crianças, jovens e adultos – qualquer um que se interessar – podem escutar e participar de uma contação de histórias. E o melhor: há apresentações em todos os dias do evento, em horários diversificados. É o lugar certo para se deixar envolver pelo clima literário que invadiu a cidade nessa semana.
Quem gosta de história? Todas as
mãos se levantam rapidamente no espaço repleto de crianças. E quem quer ouvir
uma? As mãos voltam para o ar ainda mais depressa, seguidas pelo grito animado da
criançada. Pois aqui vai uma história.
Phellip William de Paula Gruber,
estudante do curso de Letras/Inglês da Universidade Estadual de Ponta Grossa e
bolsista do subprojeto do PIBID Pibidenglishers
- A life project to life, trabalhava em uma livraria quando começou a
brincar de contar histórias. Interessado por leitura e por ouvir as “histórias
do sítio” que seu avô contava, foi com a amizade de pessoas que compartilhavam esse
mesmo gosto que sua vontade em conhecer literatura e a arte em geral foi
amadurecendo. O fato de estar sempre próximo de crianças em sua casa o ajudou a
desenvolver o talento que hoje tem alegrado os meninos e meninas que passam
pelo Canto do Conto dessa primeira edição do FLICAMPOS.
Com 20 anos de idade e passado
cerca de um ano e meio desde sua primeira apresentação, Phellip mostra
facilidade em cativar seu público. Enquanto toca instrumentos musicais e encena
diferentes histórias, pergunta, de repente, que som faz um cachorro, ao que
dezenas de crianças começam a imitar entusiasmadas o animal pedido. A vontade
de participar da apresentação é contagiante.
Para Phellip, contar histórias é
uma chance de fazer as crianças conhecerem e gostarem de literatura. “Elas vão
ler de outra forma. Vão aprender a história com a encenação, com a forma como a
gente usa o espaço, o que não deixa de ser uma leitura”, afirma. Phellip
acredita ainda que é ouvindo histórias que as crianças podem se tornar
leitoras. “Elas podem se interessar pela história, e de repente podem ver um
livro que tem a história de que gostaram, e então não vai ter ninguém contando.
Elas vão buscar pelo livro”.
Sobre o interesse das crianças
pela atividade, Phellip comenta que talvez seja o fato de alguém que elas não
conheçam dar forma a algo que não vejam todos os dias que desperte tanta
atenção. E não apenas nas crianças. Phellip conta que, ao verem seus filhos tão
envolvidos naquele mundo de faz-de-conta, alguns pais se emocionam ao participar
daquele momento com as crianças, e acabam criando um carinho pelo contador de
histórias – e pela atividade em si.
Como não podia deixar de ser,
trabalhar com contação de histórias traz alguns momentos marcantes. Phellip
conta sobre o dia em que, após ver uma encenação de história numa livraria, um
garoto ligou para sua mãe e pediu que ela lhe trouxesse o seu cofrinho para que
pudesse comprar um livro. Ser responsável pela iniciação de uma criança no
mundo da leitura é, de fato, uma experiência incrível. Mas ainda há outro lado
talvez mais incrível nessa atividade. Para Phellip, ter um espaço para contar
histórias na FLICAMPOS é importante na medida em que permite que crianças com
pouco acesso a livros e a contação de histórias também participem de um momento
como esse.
Vendo como as crianças se divertem e se empolgam com a apresentação, fica difícil não querer participar também. Para quem tem interesse em se tornar um contador de histórias, Phellip dá a dica: “Você tem que conhecer a literatura infanto-juvenil, tem que conhecer os livros”. Para ele, apesar de cada um desenvolver sua própria técnica e seu próprio estilo de apresentação, a narrativa é o que faz tudo funcionar. É através da leitura dos livros que o contador passa a entender por que a história pode se tornar fascinante – pois o livro também traz essa fascinação. “Você tem que ler literatura infanto-juvenil”, afirma. “Comece lendo os livros e o resto você desenvolve”.
Postado por Jefferson Araújo